quarta-feira, 31 de outubro de 2007

Vacilando

Andando aqui por Santa Rosa, meu antes tranqüilo bairro que agora toda semana sobe um prédio, passo em frente a uma obra e pego a seguinte conversa entre dois pedreiros.

-Hoje é dia internacional da dona de casa.
-Não brinca comigo.

-E é dia das bruxas também.

Que vacilo peão.

terça-feira, 23 de outubro de 2007

É de pequenas coisas..

Viu-a de longe sentada na praça. A cidade, sempre tranqüila, nesse dia mais calma que de costume. Era feriado. Se aproxima mais e agora sim tem certeza. É ela.

Sentada no banco, pequena, daquelas que te abraçam pela cintura. Mas ela não é pequena só no tamanho, como também é pequena. A pequena da literatura e dos botequins, daquelas que fazem por merecer o adjetivo. Aquelas que você beija e no dia seguinte diz ao melhor amigo: "Que pequena aquela de ontem".

Enfim, lá estava a pequena. Sempre pequena. A pequena de sempre que nunca vai deixar de ser. Surpresa ao vê-lo, deu um oi carregado no i e perguntou:

-Porque não me avisou que ia chegar?
-Eu mandei uma mensagem no seu celular.

-Estou sem celular".
-Putz.

-Pois é.

Cabelo preso. Não deu pra ver se estava curtinho como da última vez.

-Vai embora quando?
-Hoje de noite.

-Chegou quando?
-Hoje de manhã.

-Mas já? Passa lá em casa. Eu devo ficar aqui na praça até umas 20 horas.
-Passo sim. Vou mesmo hein?

-Tranqüilo. Vai sim.

Não foi. Já sabia que não iria. Uma mentira tática e juvenil. Voltou cheio de dúvidas pra casa. Um beijo no rosto e um abraço de upa. Respirou fundo pro cheiro ficar na memória.

Sentada no banco a pequena desleixada. Quase impossível alguém passar ali e se encantar com ela. Mas ela estava lá, encantadora. As melhores pequenas nos seus momentos mais "feios", são as mais bonitas sempre.

E que pequena.

terça-feira, 2 de outubro de 2007

Sapiência popular

Enquanto o nativo carioca usa e abusa do palavreado de "Tropa de Elite", eu que já vi e ouvi o filme umas cinco vezes, não aguento mais esse burburinho. Fofoqueiro urbano que sou, compartilho com vocês alguns dizeres populares que aprendi nas últimas semanas. Viva a renovação, viva a gíria.

-Cada cachorro lambe a sua piroca. Significa que cada um sabe sua responsabilidade.

-Só pica de duas cabeças. É uma variação do já popular "só pica" ou "é pica". Ser pica quer dizer ter poder, autoridade, ser "o cara". Sendo pica de duas cabeças, imagem a pressão. Alguns picas famosos: Romário, Chico Buarque, Clarice Lispector, Chuck Norris, Capitão Nascimento.

-Quem pariu Matheus que balance. Essa é pra quem tem filho e não toma conta.

-Criado na boca e dando mole pra batom. Mesmo sendo malandro e macaco velho, às vezes damos certos moles. Enfim, acontece.

-O bagulho é de verdade. Se a festa foi boa, o lance está sendo maneiro ou a parada séria, então meu cumpadi, o bagulho é de verdade.

-Dar um rolé na bicicletinha. Acabou esse negócio de "vou ver minha preta(o)", "vou sair com minha(meu) ficante", "peguéte". A partir de hoje pegue sua bicicletinha e dê sua volta no quarteirão.

-Francinar. Modéstia á parte, essa eu inventei. Um amigo meu ficava com uma menina e dava moral de cavalheiro para ela. Mas ela não deu valor, meteu uma bronca do nada. O nome dela? Francine. Sendo assim, virou verbo. Se meteu marra, se fez de gostoso(a), francinou malandro!

-Só pena que voa. Essa eu aprendi com o segurança aqui da rua. Ele é tricolor e sempre assistimos aos jogos juntos. Um dia passou uma tetéia de doer os olhos e ele disse: "Levo pra minha cama e aí é só pena que voa".

-Roleiro. Uma das melhores. Perguntei a um amigo a profissão do pai dele. Me respondeu que o pai era roleiro, fazia "rolo". Se virava aqui e ali.

Colaborem comigo.Mande novas.