segunda-feira, 16 de julho de 2007

Revisitando Gattaca

Tem dias que a gente se pega dando aquela arrumada no quarto e esbarra em alguns cds, que em determinada época você escutava incessantemente no último volume. Aí você tira a poeira da capa e soca o disco no som, e quando você lembra o bem que aquilo te faz, hoje, no presente, também acaba fazendo um bem danado.

Tive essa sensação domingo de madrugada, ao ligar a tv e dar de cara com "Gattaca", uma das melhores ficções científicas da história recente do cinema. Nelson Rodrigues nos aconselhou a ler os melhores livros várias vezes, penso que devemos fazer o mesmo com os filmes. A história protagonizada por Ethan Hawke e Uma Thurman é uma bela provocação, a começar pela frase dita no início: "Em um futuro não muito distante".


Nesse futuro próximo as pessoas são valorizadas pela sua estrutura genética. Seres humanos concebidos em laboratório são gerados sem qualquer chance de ter algum tipo de "deficiência" e os concebidos de forma natural, obviamente mais propensos a alguma falha nos gens, são chamados inválidos. O simples fato da pessoa usar óculos , por exemplo, é considerada falha grave. Nos primeiros minutos de filme o personagem de Ethan diz: "Agora faço parte de uma nova classe social que não são discriminados pela cor da pele. Agora somos discriminados a nível de testes científicos".

A história é sobre a luta desse personagem para provar que as pessoas "geneticamente inferiores" são tão capazes quanto os "superiores". O preconceito e a exclusão são praticadas abertamente pelas instituições, só há espaço para um tipo de pessoa. Ao contrário de outros filmes, em "Gattaca", não se percebe o futuro pelas máquinas tecnologicamente avançadas ou por guerras apocalípticas , mas sim pelo rumo que tomou a convivência das pessoas, em que ponto chegou a tolerância por determinados tipos de diferenças.

"Gattaca" é sutil, não diz nada escancaradamente. Faz com que você pense, não subestima o espectador. Aí é o seguinte, como se passa num futuro não muito distante, qualquer semelhança com a realidade...

Nunca é demais reler, escutar ou ver, coisas que nos fizeram muito bem um dia. Tem coisas que a gente deixa pra trás não sabemos bem porque, mas sabemos que elas fazem falta.

Um comentário:

Anônimo disse...

Nunca tinha ouvido falar.