quarta-feira, 28 de fevereiro de 2007

A alvorada do Bom Companheiro


No palco três dos cineastas que deram um sacode na indústria cinematográfica americana nos anos 70. Steven Spielberg, Francis Ford Copolla e George Lucas iriam entregar a estatueta para mais um da patota, o nova iorquino Martin Scorsese. A presença dos três era anunciadora de que Scorsese praticamente iria finalmente levar o boneco dourado para casa. Bola num lado, Clint Eastwood no outro e o autor de Táxi Driver e Touro Indomável (foi indicado por todos dois), fatura o Oscar por Os Infiltrados.

Já que o blógui não deixou passar o prêmio honorário e a estatueta inédita de Ennio Morricone, não podemos deixar passar o prêmio de Marty, cineasta famoso pelos movimentos de câmera e por seus mergulhos na máfia e nas angústias do homem urbano. A obra dele fala por sí só e não me arrisco no momento a falar muita coisa, só que além dele ter as duas obra-primas que citei acima na sua filmografia, fez os fantásticos Os Bons companheiros e Depois de horas.

Mas isso tudo vocês podem conferir clicando nos links acima e lendo sobre a carreira desse que é pra mim -não que isso deva ser levado em consideração- um dos cineastas mais geniais da história do cinema. O que não é muito fácil de achar é The Big Shave, terceiro filme da carreira de Scorsese que ainda debutava nos curtas-metragens. O filme data de 1967 e já se nota o esmero dele com seus filmes. Sendo assim, lhes ofereço para baixar aqui no blógui um dos filmes que representam o despertar do agora oscarizado e há muito saudado e louvado Martin Scorsese. São quase seis minutos de filme e deixarei aqui para vocês verem tanto no youtube, quanto no seu HD baixando pelo rapidshare.

Bom filme!

The Big Shave (youtube)

The Big Shave (pra quem quiser baixar)




segunda-feira, 26 de fevereiro de 2007

Il Buono


Pra não dizer que não falei de Oscar, menciono aqui o Oscar Honorário concedido pela academia a Ennio Morricone, compositor e autor de mais de 300 trilhas sonoras para cinema. Ennio que tinha sido indicado várias vezes para o prêmio, jamais havia levado a estatueta para casa e ontem a academia resolveu premiá-lo pelo conjunto de sua obra.

Ennio é um compositor genial, autor de trilhas e músicas inesquecíveis, mesmo quem não o conhece, certamente já escutou ou ouviu algo dele em alguma parte. Suas músicas ajudaram a imortalizar os faroestes spaguettis de Sérgio Leone. O assobio arrepiante de Três homens e um conflito, a gaita anunciadora da presença de Charles Bronson em Era uma vez no Oeste, a batida que marca a imponência do famigerado Al Capone em Os Intocáveis, a emocionante música que marca o amor de Warren Beatty e Annet Benning em Love Affair e os temas lacrimejantes de Cinema Paradiso foram todos regidos por Ennio e sua batuta.

Vão ao google e cacem dentro de mais de 2 milhões de citações tudo que você quer e precisa saber do mais importante compositor de trilhas cinematrográficas vivo, parceiro dos mais importantes diretores do cinema como Giusepe Tornatore, Brian de Palma, Bernardo Bertolucci entre outros. E saiba inclusive do disco que ele lançou com Chico Buarque.

Toda glória e toda honra a Ennio Morricone.

quarta-feira, 21 de fevereiro de 2007

Sem sorte no Dado


Lua Minguante
"Enlutada, Luana Piovani manteve-se em silêncio no camarote da Nova Schin. Mas enganou-se quem pensou que tivesse sido por conta do namoro com Dado Dolabella. 'Estou cansada desta violência sem fim. A morte do pequeno João Hélio foi uma paulada muito forte para mim, que amo as crianças e sou capaz de qualquer coisa para ver o sorriso de um pequerrucho. Por isso, não dou declaração nenhuma sobre o carnaval. É o meu luto', disse a atriz". Essa notada foi pescada na última quarta 21 de fevereiro, no Jornal do Brasil, na coluna social Gente, de Heloisa Tolipan.

Tudo muito bem, tudo muito bem, vamos por partes: será que vai fazer tanta falta assim a Luana não falar sobre carnaval? Ela disse isso como se fosse um Haroldo Costa, um Cravo Albin, um Fernando Pamplona. Fiquei curioso. Será que alguém realmente vai sentir falta da "opinião" da Luana sobre o carnaval? Acho que não. Uma tentativa de aparecer, ainda mais depois do mico que ela pagou dizendo que o Caetano fez música pra ela. Não é nada, não é nada e olha eu aqui falando dela. Caê que já fez música pra Vera Zimerman e até pra Regina Casé, deixou Luana de bigode, desmentindo o ocorrido.

Quem tá de luto não vai pra camarote da Nova Schin dar pinta no carnaval. Fica em casa. Essa não cola, que indignação é essa? Outra coisa, discordo da colunista. Acho que ela tava de luto por causa do Dado sim. Tomar um pé do Dado é pior do que enviuvar. Acho que quando ela diz que é "capaz de qualquer coisa para ver o sorriso de um pequerrucho", devia estar falando do Dado mesmo. Ele é pequeno e não sabe falar direito, só pode ser dele mesmo que ela estava falando. Tenho que admitir que o pequerrucho só melhorou o currículo dele namorando a Lua, já ela...

Acho que depois que ela meteu bronca pro Rodrigo Santoro e disse que meteu um chifre nele, não fez muita coisa que merecesse destaque. Já o Santoro já tira uma ondinha na gringa e tirou já uma casca de leve da Cameron Diaz e da Nicole Kidman, foi o chifre mais bem tomado da história. Depois disso o cara engrenou. Já ela é superstar no Leão Lobo.

O luto no camarote, no carnaval, na festa da carne, Luana nos sai uma bela viúva de rosa shocking, muito menos autêntica que qualquer viúva negra.

Declaração infeliz. Tentando aparecer, Lua não deu sorte.

Como dizia o velho gênio: "Deus não joga dados".

terça-feira, 13 de fevereiro de 2007

Antes de Old Boy


Pra quem ficou de bobeira com Old Boy do coreano Park Chan-Wook, aviso que já pipoca nas locadoras Zona de Risco(Joint Security Area) do mesmo diretor. O filme que é anterior a trilogia da vingança (Sr. Vingança, OLdboy e Lady Vingança) segue uma linha diferente do que Chan-Wook fez nos três.

A zona de risco que o filme retrata é fronteira entre as Coréias do Sul(capitalista) e Coréia do Norte(comunista), um lugar de muita hostilidade de ambos os lados, gerando uma tensão muito grande entre os oficiais e soldados que circulam por ali. O clima é tão pesado que eles agem como se estivessem preparados para um conflito a qualquer momento. Os guardas ficam na posição de aikidô durante os seus plantões, prontos para finalizar qualquer um que ouse desrespeitar os limites da fronteira. Chan-Wook não toma partido no filme, mostra personagens de ambos os lados e expões suas ansiedades e intolerâncias, deixando claro que apesar das diferenças políticas, povos de mesma origens não podem ser tão diferentes assim. Os diálogos dos soldados na rotina das fronteiras são excelentes e o filme brilha quando mostra a curiosidade e a vontade que eles têm de conhecer os "parceiros" do lado de lá, quando se perguntam se o relacionamento com um semelhante começa e termina numa diferença política. É tocante essa exposição dos personagens.

A história do filme gira em torno de um conflito que ocorre dentro de uma cabine do lado sul-coreano, onde algumas mortes ocorreram. Diante dos aspecto nebulosos que envolvem as circunstâncias do conflito e a má vontade de ambos os lados de apurar o que aconteceu na noite do tiroteio, entra cena uma uma força neutra para investigar o caso, a CNSS, formada por países "menores" como Suíça e Suécia. A CNSS envia a Major Sophie E. Lean (Yeong-ae Lee em excelente desempenho), que já viaja para as Coréias cheia de recomendações de seus superiores. A Major Lean nasceu na Suíça, é filha de pai coreano e herdou os traços orientais da terra de seu pai. O envio dela para apuração dos fatos é uma clara tentativa de deixar o assunto em casa e jogar a verdade para debaixo do tapete. Mas o tiro sai pela culátra, já que embora tenha descendência coreana, a Major sente-se uma estrangeira nas Coréias e não abre mão de fazer seu trabalho bem feito. O resultado de um elenco com atuação impecável, uma direção segura e um roteiro muito bom é um filme sensível, belíssimo que consegue emocionar o espectador. Se cá no ocidente a história de Park Chan-Wook já se confunde com a de Old Boy, se faz necessário saber o que ele fez antes disso e confirmar seu talento de grande diretor, nesse filme que se para alguns não é melhor é no mínimo do mesmo nível de Old Boy.

O dvd que está nas locadoras vale não só pelo filme em sí, mas também por um segundo disco que vem recheado de extras com making-of, entrevistas com o elenco e um video que conta sobre a verdadeira zona de risco, nos deixando a par de como ela é de fato. É um lançamento caprichado.

Passando a ressaca do carnaval, vão até a locadora mais próxima e peguem essa obra primorosa de Park Chan-Wook ou Chan-Wook Park, como diz a capa do filme.

Bom filme.

*Clique aqui para ver o trailler do filme.

sábado, 10 de fevereiro de 2007

BBB by Dino



Pra quem assim como eu, já acha que o Big Brother já murchou, que sete edições já são demais e que o programa já não tem mais nada a dizer, apesar de muita gente bonita e com carisma, a melhor pedida pra acompanhar o programa é no Dino. Ele seleciona apenas os momentos mais picantes, captando imagens e videos mais calientes dos bróderes.

Dino hoje é um mito no mundo virtual com suas capturas. Há quem diga que foi campeão mundial de caps. Será?

Não duvido.

Teledramaturgia online


*Post dedicado a maiores de 23 anos. Mas quem tem menos pode chegar que a gente troca.


"Carmem uma jovem do subúrbio carioca que faz pacto com a pombagira prometendo poder de sedução sobre todos os homens". Tem também:"Rio de Janeiro, 1961. A estudande de sociologia Jocasta é filha do ativista político Túlio Silveira, tem 18 anos e participa do movimento político do país, abalado pela renúncia do presidente Jânio Quadros. Ela se apaixona por Laio, um jovem alienado que vive da mesada do pai. Místico, Laio não dá um passo sem consultar seu guru e amigo Argemiro, a quem recorre quando recebe a notícia da gravidez de Jocasta. Os búzios mostram que seu filho irá odiá-lo e que terá uma relação amorosa com a mãe. Assustado, Laio planeja o sumiço da criança". Essas são respectivamentes as sinopses das novelas Carmem(Manchete) de Glória Perez e Mandala(Globo) de Dias Gomes. Ambas eu catei no site Teledramaturgia.

Já pelas sinopses, dá pra ver que as polêmicas das páginas da vida do Maneco, não davam nem
para o café com as novelas de antigamente. Entediado pela programação da tevê aberta foi que caí nesse site, procurando sobre as dores de cabeça intermináveis de Renato Vilar, o escroque interpretado por Tarcísio Meira em Roda de fogo e por meu ídolo Lucas, jogador de futebol de várzea paulista em Vereda Tropical. Entrando lá, dá-se de cara com um site bem cuidado com links para produções de teledramaturgia brasileira em geral de todas as épocas e emissoras. Até pra quem não é saudosista, bate uma tristeza quando você dá uma lida no site, nas histórias e nas polêmicas que elas geraram e compara com o que se produz hoje. A gente percebe porque quem viu Armação Ilimitada -uma quebra na linguagem televisiva- comendo Skiny de presunto não consegue assistir Malhação -uma quebra na inteligência televisiva- comendo batata Pringles. A gente lembra também que novela das sete já teve Top Model e nem sempre foi Marcos Pasquim fazendo papel do Humberto Martins, correndo no cio o tempo inteiro sem camisa.

Entrem lá que vale a pena. Vejam porque Roque Santeiro foi proibida pela censura, como Pantanal ameçou o ibope da globo e por que Lauro César Muniz teve que mudar os destinos de O Salvador da Pátria por causa do embate político entre Lula e Collor nas eleições presidenciais de 89.

Deixo aqui a abertura de Mandala, a música já é pura pressão.
A propósito, eu morria de medo do Argemiro.

sexta-feira, 2 de fevereiro de 2007

BBB(Baudrillard, bronha e bobagem)


Você entra online no msn, todo serelepe pra trocação, manda uma mensagem e seu amigo(a) responde: “foi mal, to ocupadão aqui”. As vezes dizem que estão fazendo pesquisa, trabalho e etc. Engraçado é que não fecham o msn, estão ali e não estão. Depende de quem chama. Internet é bacana. Temos que admitir: o msn mudou as relações humanas. Já tem gente passando endereço do hotmail na naite. Nada contra, só uma observação.

“Internet é pra putaria, o resto –trabalho, downloads, bate-papo, pesquisa- a gente faz no intervalo da bronha”, bem disse um amigo meu. Não sei as meninas, mas pelo lado masculino é bem isso que rola. E ele ainda disse: “A internet é uma mudança na praxis da punheta. Antigamente como você se masturbava? Levava a revista pro banheiro e mandava ver, hoje em dia mudou, não tem revista. Você abre uma janela no computador e tem um vídeo, tem a revista, tem tudo”. Muito bem observado.

Mas como nem tudo na vida –só 80%- é internet e pornografia, falemos sobre a praxis comentada pelo moço. No texto A significação da publicidade o sociólogo e filósofo francês Jean Baudrillard diz que: “Os signos publicitários nos falam dos objetos, mas sem explicá-los em vista de uma práxis(ou muito pouco)...”. Seguinte, a práxis seria como se dá a nossa relação com o objeto. Ela é o tipo de conhecimento que deriva de uma certa prática. Um liquidificador tritura as coisas, foi feito pra isso. Como você vai fazer para lavá-lo depois, é auto-limpante ou não, fácil de guardar, de mexer, essa é a relação que se tem com o objeto, a praxis.

Vejamos no contexto do apontamento do meu amigo. A prática da masturbação é simplesmente você por a mão no objeto, fantasiar e estourar o champagne. A relação com tudo isso, a práxis, seria o lance se você vai levar a revista para o banheiro ou não, vai entornar o caldo aonde? Aonde cair, caiu? Papel higiênico? Então vejam vocês leitores, que de fato, a internet é uma mudança radical na prática da masturbação. Existe uma diferença considerável de você mandar ver no banheiro e em frente a tela do seu pc. Até a emoção é outra, alguém pode entrar, tem que esperar todo mundo dormir (porque durante o dia pega mal), essas coisas. As revistas foram substituídas pelos sites de pornografia, não vale a pena comprar a revista se com um cliqui você tem tudo na sua frente.

A outra questão é a seguinte: suponhamos que bata em você aquele tesão de Calígula às 16 horas da tarde e a casa ta cheia, não tem como você se virar na frente do computador e agora? Vai revirar as revistas empoeiradas e catar aquela playboy das antigas? A poeira sobe, você espirra, tosse e além do mais o papel não faz mais sentido pra você. O sujeito abre o site ou o vídeo (com volume baixo, claro), vê o que tem que ver, memoriza e se tranca.

A internet afetou (positivamente e negativamente) até as práticas sexuais mais solitárias, vejam vocês.

Voltando aos amigos, acho que é desrespeitoso e inadmissível a pessoa te responder um scrap no orkut e não responder um email. E não entendo também porque se a pessoa está tão ocupada fica com o msn aberto e pior de tudo, não pode responder aos amigos. Mó caô, na moral. Acho até que muitas vezes estão ocupadas a ponto de realmente não poderem estender um papo, mas porque ta online então?

Isso tudo é uma embriaguez de bobagem!

quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Quando Guimarães encontra Paulo Cesar



Primeira de muitas canções que pretendo postar no blógui, Sagarana, cantada aqui por Clara Nunes, foi composta por Paulo Cesar Pinheiro um dos maiores letristas da música brasileira. A música tem mesmo nome de um livro de Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas. A letra foi escrita inspirada na maneira inovadora de como Guimarães escreveu seus livros. Genial!

Vale a pena baixar e sentir o aperto de mãos entre o escritor e poeta, na voz imortal de Clara Nunes. Abaixo o link para vocês baixarem a música.

De lambuja uma foto das veredas de Guimarães Rosa tirada pelo escrevinhador aqui. As árvores que vocês vêm na imagem são dos buritis. As veredas seriam os locais onde além dos buritis têm nascentes de água.

Sagarana

A ver, no em-sido
Pelos campos-claro: estórias
Se deu passado esse caso
Vivência é memória
Nos Gerais
A honra é-que-é-que se apraz
Cada quão
Sabia sua distinção
Vai que foi sobre
Esse era-uma-vez, 'sas passagens
Em beira-riacho
Morava o casal: personagens
Personagens, personagens
A mulher
Tinha o morenês que se quer
Verdeolhar
Dos verdes do verde invejar
Dentro lá deles
Diz-que existia outro gerais
Quem o qual, dono seu
Esse era erroso, no à-ponto-de ser feliz demais
Ao que a vida, no bem e no mal dividida
Um dia ela dá o que faltou... ô, ô, ô...
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor sagarana
Uma coisa e o alto bom-buriti
Outra coisa é o buritirana...
A pois que houve
No tempo das luas bonitas
Um moço êveio:
- Viola enfeitada de fitas
Vinha atrás
De uns dias para descanso e paz
Galardão:
- Mississo-redó: Falanfão
No-que: "-se abanque..."
Que ele deu nos óio o verdêjo
Foi se afogando
Pensou que foi mar, foi desejo...
Era ardor
Doidava de verde o verdor
E o rapaz quis logo querer os gerais
E a dona deles:
"-Que sim", que ela disse verdeal
Quem o qual, dono seu
Vendo as olhâncias, no avôo virou bicho-animal:
- Cresceu nas facas:
- O moço ficou sem ser macho
E a moça ser verde ficou... ô, ô, ô...
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor sagarana
Uma coisa e o alto bom-buriti
Outra coisa é o buritirana...
Quem quiser que cante outra
Mas à-moda dos gerais
Buriti: rei das veredas
Guimarães: buritizais!



Clara Nunes - Sagarana.mp3 ( 4047 KB ):
http://download.yousendit.com/307296866B97B4BB