quinta-feira, 1 de fevereiro de 2007

Quando Guimarães encontra Paulo Cesar



Primeira de muitas canções que pretendo postar no blógui, Sagarana, cantada aqui por Clara Nunes, foi composta por Paulo Cesar Pinheiro um dos maiores letristas da música brasileira. A música tem mesmo nome de um livro de Guimarães Rosa, autor de Grande sertão: veredas. A letra foi escrita inspirada na maneira inovadora de como Guimarães escreveu seus livros. Genial!

Vale a pena baixar e sentir o aperto de mãos entre o escritor e poeta, na voz imortal de Clara Nunes. Abaixo o link para vocês baixarem a música.

De lambuja uma foto das veredas de Guimarães Rosa tirada pelo escrevinhador aqui. As árvores que vocês vêm na imagem são dos buritis. As veredas seriam os locais onde além dos buritis têm nascentes de água.

Sagarana

A ver, no em-sido
Pelos campos-claro: estórias
Se deu passado esse caso
Vivência é memória
Nos Gerais
A honra é-que-é-que se apraz
Cada quão
Sabia sua distinção
Vai que foi sobre
Esse era-uma-vez, 'sas passagens
Em beira-riacho
Morava o casal: personagens
Personagens, personagens
A mulher
Tinha o morenês que se quer
Verdeolhar
Dos verdes do verde invejar
Dentro lá deles
Diz-que existia outro gerais
Quem o qual, dono seu
Esse era erroso, no à-ponto-de ser feliz demais
Ao que a vida, no bem e no mal dividida
Um dia ela dá o que faltou... ô, ô, ô...
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor sagarana
Uma coisa e o alto bom-buriti
Outra coisa é o buritirana...
A pois que houve
No tempo das luas bonitas
Um moço êveio:
- Viola enfeitada de fitas
Vinha atrás
De uns dias para descanso e paz
Galardão:
- Mississo-redó: Falanfão
No-que: "-se abanque..."
Que ele deu nos óio o verdêjo
Foi se afogando
Pensou que foi mar, foi desejo...
Era ardor
Doidava de verde o verdor
E o rapaz quis logo querer os gerais
E a dona deles:
"-Que sim", que ela disse verdeal
Quem o qual, dono seu
Vendo as olhâncias, no avôo virou bicho-animal:
- Cresceu nas facas:
- O moço ficou sem ser macho
E a moça ser verde ficou... ô, ô, ô...
É buriti, buritizais
É o batuque corrido dos gerais
O que aprendi, o que aprenderás
Que nas veredas por em-redor sagarana
Uma coisa e o alto bom-buriti
Outra coisa é o buritirana...
Quem quiser que cante outra
Mas à-moda dos gerais
Buriti: rei das veredas
Guimarães: buritizais!



Clara Nunes - Sagarana.mp3 ( 4047 KB ):
http://download.yousendit.com/307296866B97B4BB


4 comentários:

Anônimo disse...

Essa foto é minha... :P

Anônimo disse...

dou um ramo de buriti pra quem conseguir cantar a letra sem titubear. hehe

Anônimo disse...

essa foto não é sua psyco
abs

Lucas Lolli disse...

Vale lembrar que a letra é do Paulo César, mas a música é do João de Aquino (primo do Baden Powell).