sábado, 31 de março de 2007

O bacana Ronnie Von

Cinco anos atrás meu chapa Emiliano achou um site gringo que disponibiliza o na época cobiçadíssimo e raro Tim Maia Racional Vol. 1 e 2. Hoje em dia, qualquer soulseek e emule você encontra esse álbum, mas na época, era papo de 300 reais pra cima o preço de um vinil desses. Ainda na época da net discada ele meteu sérinho pra mim: "Ae pede pro seu camarada que tem internet de cabo pra baixar pra gente".

Num tempo que a gente baixava mp3 na raça no Kazaa e baixar discos inteiros era um sonho distante, fora o disco do Tim, demos de cara com álbuns de Cartola, Mutantes, Tom Zé e Ronnie Von. Todos álbuns raros e de difícil acesso na época.

De Cartola, Mutantes e Tom Zé, já sabíamos que vinha coisa boa. O que nao esperávamos é que Ronnie Von nos proporcionaria uma viagem psicodélica ímpar. Pra dizer a verdade o psicodelismo dos discos do Mamãe de gravata, fica por conta do que li na internet, não sei diferenciar rock psicodélico do progressivo. Ou garage rock do Rock Balboa. Rock não é minha especialidade.



O que sei, é que Ronnie Von dessa época é bom pra dedéu! E sei também que está rolando na internet um tributo de bandas independentes à obra dele que data dessa época. Aí entra o Emiliano de novo. Pois é no canto dele, mais precisamente no Around Venus, que ele fala sobre o tributo e o trabalho desse cantor que é sempre associado a uma música mais brega e populacha. Clicando aqui você entra e lê um texto repleto de informações fundamentais para o entendimento da época mais criativa do Ronnie e o por que dele ter caído num certo ostracismo e ter esse momento de sua carreira esquecido.


Perde tempo não, fera. Baixa o tributo. Baixa os discos do Ronnie Von dessa época e chama no play. Aproveita e chama aquela mina (no caso das meninas, o carinha) que você tá querendo finalizar faz tempo pra uma audição na sua máquina, apresenta a ela esse universo e sai como bambambam das novidades.

É fechar o olho e escutar, malandro!

sexta-feira, 30 de março de 2007

Com a gravata no pescoço!

"O vídeo interno mostra Sobel pegando a peça, dobrando e deixando a loja de mãos vazias, provavelmente com ela no bolso. No carro do rabino, estavam outras quatro gravatas furtadas. No total, as cincos gravatas são avaliadas em US$680. ", isso saiu hoje no Estado de São Paulo.

Sempre gostei do rabino Henry Sobel. Me pareceu ser sempre coerente e honesto, impressão que a maioria dos líderes religiosos não me passam. Ao ser abordado pelo policial americano em Palm Beach, primeiro negou que tivesse pego as gravatas, mas ao ser informado que a câmera de segurança tinha registrado a mão grande, se ofereceu para pagar as peças.

Deu mole!

O Rabino que há mais de 25 anos preside a Congressão Israelita Paulista é filho de belgas, nasceu em Portugal e é cidadão americano(de onde traz aquele sotaque bacana) e mora aqui no Brasil há 36 anos. Se tem uma coisa que temos que tirar o chapéu pra Henry Sobel é que ele é fiel as raízes. Nesse episódio ele demonstrou um pouquinho de cada canto:
1-Discreto como um belga ao sair no sapatinho da loja.
2- Burro como um português, ao não imaginar que uma loja de grife possuísse um sistema de segurança monitorado por câmeras.
3-Ambicioso e mané como um yankee, quando cresceu o olho nas gravatas e depois disse que não tinha pego nada.
4-E malandro com um brasileiro, quando tentou o desenrolo com o PM americano.

Um amigo meu disse que Henry Sobel é a cara da velhinha interpretada por Robin Willians, em uma "Uma babá quase perfeita", vejam se parece.



Machado de Assis disse: "Ao vencedor, as batatas".

Com perdão do trocadilho: Ao rabino as gravatas!

Odeio...

acordar cedo. Caio da cama hoje, são 8 da madruga e eu ligo a tv.

Ana Maria Braga mia o seguinte:"Só uma mulher sabe o que é lutar a vida inteira contra o seu cabelo".

Haja...

quarta-feira, 28 de março de 2007

Memórias de um poeteiro (parte 2)

Como prometido, vamos a segunda parte da série.


Só a incerteza é certa

estou certo
do incerto
da certeza
da certeza da vida

por que tudo que é certo
tem um grau de incerteza
pois se tudo fosse certo
não haveria a beleza da surpresa

a certeza da verdade,
do temor da ansiedade
comprova a incerteza
do que é certo

-Esse eu reli e não entendi. Sinceramente.


Quando estou deitado

Quando estou deitado
Beirando a depressão
Procuro uma canção para
Para me fazer lembrar
Que tenho que levantar
E reagir
Sem ter aonde ir
Vejo aquele filme de novo


-Eu era muito metido a falar de filme. Muito gabola, putz grilo. Eu não me lembro do momento que escrevi isso, mas tenho certeza que isso de "beirando a depressão", é uma forçação tremenda. Parece coisa dessas(es) viúvas de Kurt Cobain e do Nirvana que se amarram em curtir uma foça e acham bacana o ídolo
ter metido um caroço na têmpora.



Por trás da fumaça
De seu entorpecente que me cega
Vejo um vulto de emoções que passa
E me traz versos
Que descrevem seu íntimo
Ao ouvir sua voz pela primeira vez
Senti o som enganoso e sarcástico da esperança
E nunca mais fugirá da minha lembrança
O perfume da sua jugular


-Essa porcaria não tem nome. Eu estava apaixonado por uma maconheira, sendo assim, quis fazer a ponte. "O perfume da sua jugular", na moral, eu devia estar com muita vontade de usar a palavra jugular. Taquei aí e foi.

Vejo você...

Vejo você atravessando o trânsito
Vindo na minha direção
Mal posso esperar
Pra tocar a palma da sua mão
Adentrando nosso jardim
Procuramos o melhor banco pra sentar
Apesar dos sinais
Ainda receio te beijar
Percebo seus trejeitos de menina
Seu gestual nervoso
Mas depois do encostar das línguas

Tudo já era .....tudo é calmaria ...
Seu perfume se confunde
Com os das flores do campo
Mas nem o perfume de todas as rosas
Ofusca o seu
Cada sorriso que eu tirava de vc
Mas deslumbrado eu ficava
Anoitece.........
Maldito seja o inventor da despedida

Vejo vc indo embora

Levando consigo uma parte de mim
Na ação de sua partida


-Eu falando das flores e das rosas, achando que era Cartola né? Cada vez que acho um poema achando que é o pior de todos, aparece outro mais lamentável.


Agora acabou.

segunda-feira, 26 de março de 2007

Beleza de redator

Sinopse do filme "Preferência Nacional", da produtora de video Panteras:sa Rossi com sua linda

A começar pela pequena Fabrizia Magalhães,dona de uma linda bunda que faz a primeira cena do filme com um cara. A segunda cena apresenta a espetacular loira Vanessa Rossi com sua linda e grande bunda,em uma cena com um cara. A terceira cena é com a bela morena Simone,dona de uma grande bunda e que também faz a cena com um cara. Na quarta cena a gostosa Lisa Mel e sua grande e linda bunda encaram dois caras ao mesmo tempo. Na quinta e última cena a atriz brasileira famosa internacionalmente Olívia Del rio contracena com um cara,e como é da sua característica,coloca a temperatura da cena lá no alto,mostrando que é daquelas atrizes que faz filme pornô porque gosta muito de sexo.

Lindas e grandes bundas. Ah, sempre com um cara.

Cá entre nós, deve nem ter redator lá né?

Isso aqui só vendo...



...até o fim. Não tem como descrever. Música de Maurício Tapajós.

Tem que ver até o fim.

quinta-feira, 22 de março de 2007

O mavioso Guinga

Óh só, o cara é considerado o maior compositor brasileiro nos últimos 20 anos.

Sendo assim, o maior dos que estão na ativa.

Por estar lançando seu novo trabalho, "Casa de Villa", pererecou na capa de todos os cadernos de cultura do país: O Globo, Zero Hora, JB, O Dia, Estado de Minas.

Carioca da gema, morador do agora folhetinesco Leblon, é cria do subúrbio, morando em quase todos os bairros que beiram a linha do trem.

Um esteta do violão. Sua obra é o resumo da música brasileira. Baiões, valsas, choros, sambas. É pau pra toda obra, ném.

Então, vou dizer o que tá pegando, fiel. Eu bato cartão também no blog "O Samba" e é lá que o cara que to falando concedeu uma entrevista. O cara é o Guinga.

Ou melhor: Guinga é o cara. Em pleno domingo de céu de brigadeiro, ele nos recebeu (eu, Bruno Villas Boas e Emiliano Mello) e abriu o verbo. Já adianto que muita coisa que ele disse no blog, não disse nos jornais e outras me arrisco a dizer que nunca li em lugar nenhum. Sente o drama:

E a sua amizade com o Nelson Cavaquinho?
- O Nelson eu tive uma intimidade, assim, que beirava a esculhambação. A gente saía pela madrugada, ele ficava embriagado, ia ver as prostitutas. Ia nos bares de travestis ver shows, tocava músicas junto com os travestis… Quando amanhecia, o dia claro, ele queria ir para a praça Tiradentes. Tinha um botequim lá onde ele ficava bebendo até o meio-dia.


Como você enxerga essa questão cultural e qual a conseqüência disso para a divulgação da sua música?
- Isso passa pelos produtores. A música está nas mãos dos produtores, são eles que decidem o que o público vai ouvir. Tem muita gente em cargo errado por aí. Mas a cultura não tem dono. Vocês estavam falando do Rio, a prefeitura do Rio nunca me chamou para fazer nada. O César maia não me conhece. O presidente Lula parece que não se preocupa com a cultura, só apóia projetos assistencialistas. Ele diz que governa para o povo. Ora, o povo gosta de cultura… Daqui a pouco o Lula vai fazer o “Caverna Família”, o “vale-tigre”, é uma pena.

Não perde tempo tempo não, coléga.

Clica aqui e corre pra ler.



quarta-feira, 21 de março de 2007

Grande Bróder

Já disse aqui no blog que só acompanho Big Brother Brasil no site do Dino.

Passando o tempo, confesso que acompanho sim. Mas não na Globo. Tudo que sei de BBB, acompanho na Sonia Abrão e através de uma pequena que trabalha no site do programa, que depois que lá começou, não tem outro assunto em pauta a nao ser esse. Mal dou boa tarde e ela já devolve contando as últimas do caubói e do ruço alemão.

Foi através da velha e da moça, que soube que agora está na casa um argentino. Lá, ele participou do Grande Hermano.

Lá é Grande Hermano, aqui é Big Brother.

Compreendem? Lá é Grande Hermano e aqui é Big Brother.

Língua tratada as cacos vira língua de trapo.

terça-feira, 20 de março de 2007

Dani entrevista

"Verdades e mentiras do Funk: Dani entrevista Mr.Catra", essa era a legenda que aparecia no programa RE-Vista, na CNT, canal 9. Não conheço a Dani, mas a primeira vista achei uma tetéia.

Dani pergunta: você quando fala de sexo nas suas músicas, de repente é pra chamar o jovem pra uma questao mais social?

Catra: Nao nao, é pra falar de sexo mesmo.

Dani: E quando você diz vai começar a putaria, o que você quer dizer com isso?-------9:30 da noite.

Catra: Eu quero dizer que vai começar a putaria.

Direto. Sem floreio.
Taí, gostei.

quinta-feira, 15 de março de 2007

Memórias de um poeteiro (parte 1)

Nelson Rodrigues disse aqui, em entrevista ao seu amigo Otto Lara Resende: "Aos 18 anos eu era de uma ignorância enciclopédica". Nelson era um entusiasta da velhice. Aconselhava os jovens envelhecerem cada vez mais rápido. Se ele com 18 anos era tão ignorante como disse não sei, mas eu, com pouco mais que isso, era uma bela besta. Me dei conta disso esses dias, quando fuçando aqui na poeira, achei uns poemas que fiz ao longo de 2001, todos de uma incompetência jumentesca. Fiquei com vergonha de reler aquilo. Poemas dignos de toda troça e todos os xingamentos, os mais cabeludos. Eu exigo.

Como não me levo a sério -pelo visto naquela época eu me levava- fiz uma seleção de 13 poemas que pesquei entres uns 20, para expor ao ridículo e comentá-los com a devida galhofa que eles merecem e submetê-los aos comentários dos poucos que aqui visitam. Os que ficaram de fora eu não tive coragem de postar, de tanta vergonha. Não vou por os poemas inteiros, só os "melhores" trechos e comentá-los.

Apologia do amor

Mesmo depois que meu coração se despedaçou
Sigo fazendo apologia do AMOR
Mesmo depois dela me machucar
Sigo fazendo apologia do AMAR
Mesmo permanecendo com o mesmo temor
Sigo fazendo apologia do AMOR
Mesmo sentindo uma voz confusa dentro de mim gritar
Sigo fazendo apologia do AMAR


-Esse parece aquelas figurinhas "Amar é...". Cafona e brega. As palavras amor e amar em caixa alta, já mostra como eu estava equivocado quando peguei a caneta e escrevi isso.

Carta aos aflitos

Apegue-se as suas canções
Aos ombros dos de seus amigos
aos sorrisos otimistas das crianças
aos beijos ardentes que vc possa dar
as palavras que lhe possam sussurrar
E depois comemore seu triunfo
Com um esplendor de AMARCORD


-Esse trecho é de uma derrota só. Pura auto-ajuda. Parece que tirei de uma revista Capricho, Querida, sei lá. Se uma pessoa a beira de um abismo ler isso, pula na hora. O que é essa citação ao Amacord, do Fellini? Acho que vi o filme e quis encaixar ele de qualquer jeito. Grotesco! E segue mais um trecho:

Pra chover até o céu pede água
Cada vez que vc se encontrar triste
Masturbe seu coração
E deixe sua alma levitar

-Esse "Pra chover até o céu pede água" eu roubei do meu cd de rap do Escadinha, famoso traficante carioca do Rio de Janeiro. Cd muito bom por sinal. Mas reparem que a frase está deslocada na estrofe, joguei ela de qualquer jeito lá.


Nua , nua , nua .....

Sei que não é sua intenção
Mas cada gesto que você faz
Parece que você se insinua
E na minha cabeça profana
Eu só te imagino nua

Na solidão do meu aconchego
Sua imagem na minha mente figura
E ainda que nunca tenha visto
Eu só te imagino nua


-Apostei no erotismo. É de fazer o Wando corar.


Não vamos perder mais tempo

Vamos transformar nosso beijos abstratos em concretos
Confirmar nossas afinidades
Por fim..........
Vamos dar as mãos, buscar novos momentos
E tentar juntos
As possibilidades incertas do sentimentos


-Se não fosse eu a ter escrito isso, teria certeza que o "escritor" é um idiota. Qualquer saco vazio tem mais conteúdo que isso. O título é interessante se pensarmos que escrever e ler algo do tipo é uma perda de tempo.

Golpe da vida

E eu não sei uma maneira de estancar essa dor
Que a cada dia cresce
E parece não ter fim
Que jorra pelos meus dias afora
Quisera eu saber uma prece
Para espantá-la pra longe de mim

-Que fase hein?

Distância

Quando a vida te colocou longe de mim
Não sabia o que estava fazendo
Ahh , não, com certeza não sabia
Se soubesse não faria
Ou se fizesse sabendo
Se arrependeria
Me levaria no vento da sabedoria
Até você

-Vergonha de mim. 2001 não deve ter sido um bom ano mesmo ou eu estava dodói da cabeça. Esse "vento da sabedoria", meu Deus, cafona demais.

domingo, 11 de março de 2007

Gugu e o Locomia

Gugu Liberato é maior capitalista que existe. Não me venham com EUA, Tio Sam, essa baboseira. É Gugu e pronto. Não é de hoje que ele capitaliza tudo o que pode e o que vê pela frente. O ruço é de arrepiar pentelho de qualquer marxista e qualquer líder estudantil de DCE, com camisa de Che Guevara comprada por 60 reais no shopping center.

Ainda nos anos 90, quando eu assistia o programa dele, esperando(claro!)a prova da banheira, lembro que sempre havia uma pá de concursos. Ele não jogava pra perder. Era concurso de Maria do Bairro Mirim, É o tchan mirim, Banana Split e por aí ia. Gugu punha as crianças na roda, sem problemas. Depois lançava as gostosas modelos na banheira, em bikinis minúsculos, explorados em closes ginecológicos, como quem mata a mãe e vai tomar café na esquina, simples assim. Muitas vezes as gostosas dançavam ao lado do Padre Marcelo, também capitalizado por ele. Tudo ele ganha o dinheirinho dele. Tudo pela audiência. O que culminou inclusive naquele episódio tosco da farsa do PCC, onde atores(?)se fizeram passar por bandidos e ameaçavam a vida de apresentadores de tv, tá ligado né mano? Até mesmo em cima da paternidade, com o livro Sou pai e agora?, onde ele conta como a experiência da paternidade mudou a sua vida, Gugu tá arrumando pro café.

Noite dessas, na trocação do msn, perguntei a um amigo de boa memória, se ele lembrava do Locomia. Ele me disse que sim e de pronto já me mandou o video deles no youtube. Que vocês podem conferir abaixo.


Locomia tinha tudo que Gugu gosta: uma música pegajosa de apelo comercial e rapazes(lembram do Polegar e do Dominó né?). Ou seja, dava pra arrumar um qualquer. É desse meu amigo também as aspas que seguem:
"Eu lembro que ele mostrou um clip do Locomia, mas disse que eles não iam se apresentar. Logo depois entrou uma galera fazendo malabarismo com uns leques e em uma semana a parada virou febre". Não lembro se foi assim, mas confio no meus camaradas. O leque era por conta de que a rapaziada do Locomia cantava se abanando com eles e usavam uns figurinos muito bizarros, uma coisa que fica entre a novela Que rei sou eu? e um daqueles filmes futuristas de quinta categoria. Bacana demais!

Locomia era o nome do hit dos caras e se bem me lembro era a "única" música deles. A letra era simples:

Disco ibiza loco mia
Moda ibiza loco mia
Loco ibiza loco mia
Sexo ibiza loco mia
Mar ibiza loco mia
Sol ibiza loco mia
Marcha ibiza loco mia
Crazy ibiza loco mia

Ou seja, era tudo uma grande locomia mesmo. Mas vejam vocês, que de certa forma, os rapazolas do Locomia estavam na vanguarda. Já falavam em Ibiza muito antes dela se tornar o sonho de consumo de dez em entre dez pleibóis, tomadores de psicotrópicos das raves brasileiras.

Gugu sugou -sem trocadilhos- enquanto pode os rapazes espanhóis, que em dois anos beiraram os 3 milhões de cópias vendidas. E pra quem pensa que o grupo acabou, pode conferir o site oficial dos caras.

É torcer pro Gugu não empurrar outra pérola dessas goela abaixo do público.

Do contrário só com muita locomia!

sexta-feira, 9 de março de 2007

Quando a MTV...

...ainda era no canal 9.

sexta-feira, 2 de março de 2007

O saber e o sublime



"O samba é meu dom/aprendi muito samba com quem sempre fez samba bom", quando Wilson das Neves e Paulo Cesar Pinheiro estipularam suas vocações para o samba e suas fontes de aprendizado em o "O samba é meu dom" e dão seu parecer sobre a história do samba e dos sambistas ao longo da letra, nos remete a um tempo que o samba se levava para a escola. "Eu usava sambas-enredo para colar na escola", a colocação é de Beth Carvalho e tem fundamento,principalmente se a gente relembrar os sambas de antigamente como o do Império Serrano em 1949, composto por Penteado, Stanislaw Silva e o lendário Mano Décio da Viola: "Joaquim José da Silva Xavier/Morreu a 21 de abril/Pela independência do Brasil/Foi traído e não traiu jamais/A inconfidência de Minas Gerais", estrofe que pode responder pergunta sobre Tiradentes em qualquer prova de escola.

Quase vinte anos depois, em 1968, a Unidos de Lucas -que tem entre seus fundadores o fundamental Elton Medeiros- sob o comando do carnavalesco Clóvis Bornay apresentava o enredo O negro no Brasil ou Sublime Pergaminho, que ano que vem será reeditado pela escola na tentativa de busca do título do grupo B. Se em 2007 três escolas do grupo especial -Porto da Pedra, Salgueiro e Beija-flor(campeã)- tiveram a África como tema, nenhuma das três tiveram um samba-enredo tão genial e completo como o composto por Zeca Melodia, Nilton Russo e Carlinhos Madrugada para a escola de Lucas. O samba Sublime Pergaminho estravazou as fronteiras da Candelária (então passarela do samba) e entrou para a história como um dos mais belos da história. Prova disso, é que mais tarde foi gravado por duas das mais importantes figuras da música brasileira, Martinho da Vila e Nara Leão.

Com pouco mais de trinta estrofes a letra fala de todo o processo de escravidão no Brasil, desde a chegada dos escravos até a abolição. Um resumo genial do que foi o período da escravatura brasileira. Uma pequenina aula de história. Pra quem sabe pouco ou nada, o samba funciona como trampolim impulsionando um desejo de mergulho mais fundo no estudo desse período da história brasileira.

"Quando o navio negreiro/transportava os negros africanos/Para o rincão brasileiro/Iludidos com quinquilharias/Os negros não sabiam/Ser apenas sedução", o samba começa assim, falando do método ímpio dos traficantes no transporte dos negros para o Brasil. Alguns versos depois, cita o começo da organização dos negros em busca da liberdade: "Formavam irmandades/Em grande união/Daí nasceram os festejos/Que alimentavam os desejos de libertação". Identifica-se o começo dos movimentos de luta, como a formação dos quilombos por exemplo. "E de repente uma lei surgiu/Que os filhos dos escravos/Não seriam mais escravos do Brasil/Mais tarde raiou a liberdade/
Daqueles que completassem/Sessenta anos de idade", nesses versos dois momentos importantes no caminho da abolição. Primeiro cita a lei do ventre livre, onde os filhos de escravos nascidos a partir da criação da lei não seriam mais escravos e depois a lei sexagenária, que declarava livre o escravo que tinha mais de 65 anos.

"O sublime pergaminho/Libertação geral/A princesa chorou ao receber/A rosa de ouro papal/Uma chuva de flores cobriu o salão/E um negro jornalista/De joelhos beijou a sua mão". Menção ao documento manuscrito que determinava a abolição da escravatura e da princesa Isabel que assinou a Lei Áurea. O "negro jornalista" citado é José do Patrocínio uma das grandes referências do movimento abolicionista. E finaliza: "Uma voz na varanda do Paço ecoou/Meu Deus, meu Deus/está extinta a escravidão".


Não sei se é porque sou negro e gosto de samba, mas é difícil conter as lágrimas ouvindo a gravação original e lendo a letra ao mesmo tempo. Imaginando o martírio, a luta e por fim a conquista de um direito óbvio que por anos foi negado. A emoção também é muito em função do que se observa da situação do negro hoje, se a abolição chegou há dois séculos atrás,a maioria dos negros ainda vivem sob o ranço de senzala e quem tem o poder, ainda se impõe tal qual senhores de engenho, usando outros tipos de chicote.

Obra de ourives.
*Letra de "Sublime Pergaminho"
*Ficha técnica do desfile da Unidos de Lucas
*Sublime Pergaminho (original)
*Sublime Pergaminho Nara Leão
*
Sublime Pergaminho Martinho da Vila